Após uma preparação entraram na Capela Pessoal do Papa para a Santa Missa. Eram umas quinze pessoas. Depois da celebração o Santo Padre veio até sua biblioteca acolher, saudar e falar com cada um. Nosso fundador teve a graça de falar com ele algumas palavras e pedir-lhe que abençoasse a Obra que haveria de iniciar, abençoando os crucifixos e medalhas que as Irmãs haveriam de usar (ele havia levado numa sacolinha as coisas que já tinha adquirido para a Fundação). Sentiu grande consolação!
Quando regressou de Roma, precisava enfrentar uma grande batalha: falar com o Bispo sobre o assunto e pedir permissão. Ensaiou para esta conversa durante oito meses. Num dia, viajando com o Bispo a sós para Cuiabá, encheu-se de coragem, porém com muito temor, e falou-lhe o que precisava a respeito. Foi grande a sua surpresa: Deus já havia preparado o coração de Dom Canísio e a sua resposta foi de incentivo, de apoio, de acolhimento. O passo seguinte foi expor a ideia e o projeto para o Clero da Diocese, para o Conselho Diocesano e até para o povo em algumas Assembleias – a pedido do senhor Bispo.
Inicia-se, então, o processo de preparação para a entrada da primeira candidata, a Irmã Nilde dos Santos, jovem leiga de São José do Rio Claro, com quem o padre fundador já tinha trabalhado durante os dois anos que foi pároco naquela cidade. Com a chegada da primeira candidata, marcou-se o dia da Fundação da Companhia Diocesana das Discípulas do Divino Pastor – dia 1º de Agosto do Ano Santo 2000.
A candidata foi acolhida no próprio Seminário em Diamantino onde o padre estava como Reitor e logo outras candidatas, que já estavam sendo acompanhadas pelo SAV – Serviço de Animação Vocacional nas paróquias, foram sendo convidadas para encontros e algumas foram sendo admitidas para a Formação. Um pequeno espaço (dormitório) foi concedido no Seminário para a Comunidade inicial da Companhia se fixar, durante nove meses.
Uma coisa dentro do fundador era certa e inquestionável: temos que nascer na Pobreza e provados pelo Sofrimento. Esta obra é de Deus e vai ser regada pelo suor da nossa doação, pelas lágrimas da nossa humilhação e pelo sangue do nosso amor ao Divino Pastor e ao Rebanho.
Por fim, no dia 1º de Maio de 2001, sob a proteção e intercessão de São José Operário, o bispo Dom Canísio e o padre realizaram a bênção da casa reformada e transformada, e as Noviças, Postulante e Aspirantes puderam habitá-la, formando assim a primeira comunidade da Casa-Mãe da Companhia das Discípulas. A Casa-Mãe recebeu o nome de “Fraternidade Santíssima Trindade”.
Nos primeiros tempos da Fundação, as nossas Irmãs e formandas, por necessidade da Diocese e também para sobreviverem, doavam-se nos trabalhos domésticos (cozinha, limpeza e lavanderia) do Seminário e do Bispado. Esse trabalho humilde, mas feito com muito amor e alegria, também despertava críticas e chacotas desagradáveis, especialmente por parte de outras congregações; como também por nossas Irmãs usarem hábito.
Aos poucos as Irmãs começaram a se envolver pastoralmente na comunidade e também na área da educação como professoras, e as vocações foram aumentando. A Casa-Mãe já estava cheia, meninas com data marcada para ingressarem … onde colocá-las?
Mais uma vez a Providência de Deus não faltou. A Diocese recebeu uma casa na Paróquia de Nortelândia onde, por vários anos havia funcionado uma Maternidade, e o Bispo disse ao padre que só aceitaria se as nossas Irmãs ocupassem a casa e servissem pastoralmente aquela comunidade. Nortelândia é uma cidade muito simples, com muita pobreza e as Irmãs deveriam especialmente trabalhar no âmbito social e assistencial. O padre aceitou a proposta, porém um novo desafio. A casa estava fechada há alguns anos e, por isso muito danificada. Precisava de reformas e adaptações para acolher a comunidade das Irmãs. Foi mais uma luta! Economias, sacrifícios, pedidos de ajuda a pessoas … A diocese também ajudou a equipar a casa que passou a ser chamada de Centro Social Diocesano.
No dia 12 de Março de 2002 realizou-se a celebração de bênção da casa de Nortelândia. A segunda casa da Companhia – “Fraternidade Divina Pastora”. Erigiu-se aí a Comunidade Formativa do Aspirantado e Postulado. As Irmãs realizaram nesta cidade um maravilhoso trabalho com as pastorais todas, na secretaria paroquial, nas escolas e no atendimento aos mais pobres.
Foi solicitada a presença e o trabalho pastoral das nossas Irmãs na Paróquia de Nova Mutum. A comunidade local construiu a casa para as Irmãs e as acolheu no dia 23 de Janeiro de 2004. A terceira casa da Companhia recebeu o nome de “Fraternidade São José”. As Irmãs inseriram-se aí diretamente em todos os trabalhos pastorais da paróquia e na área da educação.
Desde a Fundação, a Companhia contou com a ajuda direta, programada e regular de uma Consagrada para a Formação das Aspirantes, Postulantes, Noviças e até Professas. Trata-se da Ir. Sarvelina Maria Nicolodi, religiosa da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição por muitos anos e já há vários anos Consagrada pela Diocese. Era professora aposentada e suficientemente capaz de conduzir e lecionar os temas relacionados em nosso conteúdo programático para as etapas de formação. Além da assistência sistemática da referida Irmã que semanalmente ministrava os conteúdos, tínhamos sempre uma Irmã Discípula escolhida e nomeada como Mestra das formandas.

Hoje, com várias Irmãs Professas e formandas, a Companhia também oferece acompanhamento a vocacionadas que se preparam para entrar. Após a Consagração Religiosa, normalmente as Irmãs são encaminhadas para cursarem Faculdade. A formação permanente também acontece através de cursos, treinamentos, capacitações e estudos feitos em comum.
Atualmente as Irmãs assumem variados trabalhos pastorais. A saber:
- Estão inseridas na Catequese (ministrando catequeses especiais, coordenando a catequese a nível paroquial e diocesano, e promovendo a formação dos catequistas nas comunidades).
- Coordenam e trabalham na Pastoral da Criança, acompanhando as gestantes e as crianças menos favorecidas e promovendo a capacitação de líderes leigas para tal trabalho.
- Assistem aos enfermos regularmente com visitas domiciliares e hospitalares provendo o conforto espiritual, levando a Eucaristia e promovendo a assistência médica e outras aos doentes mais carentes, num trabalho de Pastoral da Saúde organizado.
- Ajudam na articulação e preparação das Liturgias e no zelo pelas igrejas e coisas do altar.
- Assistem as famílias pelo aconselhamento, oração, visitas e trabalho junto à Pastoral Familiar e Movimentos Familiares.
- Acompanham e assessoram a Pastoral da Juventude e do Idoso nas comunidades.
- Dinamizam e coordenam pastorais sociais como: Sobriedade, Carcerária e da Aids. Acompanhando também as famílias dos dependentes químicos, encaminhando-os a centros de recuperação e provendo sua reinserção social, comunitária e familiar.
- Integram e ajudam na coordenação da Pastoral Vocacional.
- Acompanham e dão assistência espiritual a alguns movimentos, tais como: RCC (Renovação Carismática Católica), Lareira (Movimento Familiar), Apostolado da Oração, Cenáculo, Infância Missionária, etc.
- Estão presentes nos Meios de Comunicação, desenvolvendo programas radiofônicos diariamente e também de TV.
- Coordenam e dinamizam os trabalhos junto ao Centro Diocesano de Pastoral na sede da Diocese em Diamantino.
- Ajudam diariamente no atendimento às comunidades rurais, promovendo sua organização, implementando pastorais e animando-as através da música nas liturgias (com o padre e às vezes sozinhas).
- Na falta do sacerdote, presidem celebrações da Palavra, distribuem a Eucaristia, realizam Pregações, celebram Funerais, …
- Organizam, pregam e animam encontros de oração nas comunidades.

Dado o exposto, resta-nos entoar, com a Virgem Mãe – Divina Pastora com Jesus – o hino do Magnificat que nos permite louvar, agradecer e engrandecer o Senhor que olha para os pequenos e realiza grandes coisas em nós, por nós e através de nós.
Em tudo e acima de tudo não há no coração do Fundador e tampouco no coração das suas filhas Discípulas de Jesus Pastor uma outra pretensão a não ser esta: SERVIR, SERVIR, SERVIR, com Amor!